terça-feira, 7 de junho de 2011

Quando e Onde?

Pelo licença à Erika Nakahara pela publicação na íntegra de seu texto.
Mas, tal ousadia se justifica pela contribuição que ele me deu.

          Na busca de um planejamento que realmente contemple os objetivos da Educação Infantil e na procura de materias que ajudem-nos, professores das crianças pequenas, encontrei o artigo abaixo, publicado na Revista Guia Prático para Professores da Educação Infantil, ano 5, nº 60, de janeiro de 2008. Com o intuito de ajudar outras amigas, reproduzo aqui a matéria: Quando e Onde, referente ao planejamento na educação infantil.
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Quando e Onde?

Veja como organizar o tempo e o espaço para garantir o interesse das crianças.
Por Érika Nakahata

          Na Educação Infantil, manter as crianças envolvidas demanda muito esforço da professora. Qualquer detalhe pode despertar a atenção dos pequenos e fazer com que desviem seu foco, deixando de lado o que desenvolviam até naquele momento. Mas não há motivo para preocupação, afinal, trata-se de algo normal, sobretudo quando se leva em conta a faixa etária dessas crianças.
          Isso, porém, não significa que eles não tenham capacidade de concentração. Ocorre que o tempo é diferente para cada idade, como explica Regina Galvani Cavalheiro, coordenadora de um Núcleo de Desenvolvimento Infantil e professora de Educação Infantil da Rede Municipal de São Paulo. "O tempo de concentração está relacionado à adequação da atividade às necessidades da faica etária, do grupo em questão  e até de um indivíduo", detalha.

Quanto Tempo
           Para avaliar a duração ideal de cada atividade é preciso considerar a proposta a ser desenvolvida. Segundo Marcelle dos Santos Bonetti, professora de Educação Infantil do Colégio Etapa, na Capital paulista, quantificar o tempo é uma questão muito relativa. "Uma atividade que requer um tempo mais longo deverá contar com estratégias diferenciadas, a fim de motivar e prender a atenção da criança", recomenda ela.
           Denise Maria Milan Tonello, orientadora da Educação Infantil e do 1º Ano do Ensino Fundamental I do Colégio Miguel de Cervantes, em São Paulo, arrisca uma orientação prática: "Com crianças menores, as atividades não devem durar mais do que 30 minutos. Uma roda de conversa, por exemplo, é planejada com um tempo mais curto e, ao longo do ano, isso pode mudar. Atividades de jogos simbólicos podem ter uma duração maior. No entanto, é importante o professor ter clareza de que as crianças vão querer experimentar vários 'papéis' e, por isso, mudarão rapidamente de atividade".
           Mesmo assim, ela ressalta a importância da percepção do professor. "A falta de interesse e o que costumamos chamar de dispersão são, sem dúvida sinônimos de que o tempo da atividade deve ser revisto. Ou seja, na prática não existe uma regra, o que vale é o bom senso.

Organizando o Dia
           Para um planejamento cuidadoso, o primeiro passo é analisar quais atividades exigem mais e quais exigem menos concentração. A partir disso, Denise Tonello lembra que o início do período é muito bom para as que necessitam de mais atenção. "Após brincarem no parque, por exemplo, as crianças estão mais agitadas, exemplifica. No entanto, é fundamental estabelecer uma rontina que ajude a situar a criança no tempo e no espaço", complementa a orientadora.
           Para um período de quatro horas e meio a cinco horas, Marcelle Bonetti propõe de oito a dez atividades, reservando um tempo para brincadeiras dirigidas e um intervalo para descando. Além disso, recomenda intercalar atividades diferentes, não fazendo duas semelhantes uma após a outra. "Atuar com crianças na fase dos dois a cinco anos é uma caixa de surpresas. Haverá dias em que oito atividades não serão suficientes e outros em que uma só ocupará o tempo todo", ela lembra.

Modalidades Organizativas
           Regina Cavalheiro destaca um outro aspecto. "Uma rotina diária para a Educação Infantil deve ser elaborada, utilizando as quatro modalidades organizativas: atividades permanentes, ocasionais, projetos e sequências. Por meio dessas situações, conseguimos um bom equilíbrio entre as diferentes linguagens, necessidade e aprendizagens das crianças. Indica.

Aproveitamento dos Espaços
           O ambiente também influencia no desempenho dos alunos. E não só dentro da sala, uma vez que o aprendizado pode estender-se às áreas externas. "Cores alegres e objetos com os quais a criança esteja familiarizada ajudam a desenvolver a linguagem, a capacidade de observação e de organização e a criatividade. Recomenda-se fazer um rodízio periódico dos materiais expostos para estimular a observação do novo e evitar poluir o ambiente com o acúmulo de solicitações visuais, pois pode dificultar a concentração dos alunos", expõe a professora Marcelle. Para completar, ela cita aconchego, descontração, segurança e tranquilidade como fatores imprescindíveis ao espaço infantil.

Ao Alcance dos Alunos
           "O acesso aos livros também deve ser bem observado", ressalta a orientadora Denise. Quando dispostos em altura adequada para as crianças, eles favorecem o desenvolvimento de sua autonomia. E o mesmo ocorre com brinquedos e materiais para desenho: tudo deve estar à mão e bem organizado. "É importante, por exemplo, que a criança, ao terminar uma atividade, saiba que pode sentar no tapete e ler ou folhear um livro, ou pegar uma folha para desenhar. Ou seja, um espaço bem planejado na classe interfere diretamente na organização do grupo", explica ela. Caso contrário corre-se o risco de gerar uma dependência constante do adulto, o que proporciona irritabilidade e dispersão. "E isso, muitas vezes, é visto pelo professor com indisciplina, alerta Denise.

 Rotatividade
           Em alguns momentos, mudar de lugar é a melhor pedida. Como frisa Marcelle Bonetti, ambientes novos criam um clima de euforia e curiosidade nos alunos. Portanto, é preciso reservar um tempo para que eles explorem esse ambiente antes de começar a atividade. "Costumo dizer que não há como exigir que uma criança pequena fique por mais de uma hora sentada, fazendo atividades gráficas, numa mesinha", exemplifica Denise Tonello. Assim como em relação ao tempo, não há como definir uma regra para a mudança de espaço, embora seja primordial garantir essa prática no planejamento cotidiano. O ideal é lembrar que as atividades em lugares diferentes favorecem o movimento, a exploração, o conhecimento e a vivência de outras possibilidades, enfatiza Regina Cavalheiro. "O comportamento da criança é um bom objeto de estudo para o professor avaliar a necessidade de uma mudança. Há dias ou momentos, por exemplo, em que observamos o grupo mais agitado ou incomodado com algo", completa ela.

Referência
NAKAHATA Erika. Onde e Quando?. Guia Prático para Professoras Educação Infantil. Cotia-SP: Lua, ano 5, nº 60, jan. 2008.
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