sábado, 18 de junho de 2011

O Vocabulário Infantil

falar e pensar não se aprende sozinha, mas na interação com outros.
Pais são sempre interessantes. Parar para ouví-los reforça a sensação de quanto a criança pequena se desenvolve rapidamente.
Na noite passado (01/06), num jantar informal, ouvia a admiração de um pai quando dizia que seu filho de 2 anos tinha um repertório amplo de vocabulário. Ele questionava, quase que para ele mesmo tal fato. O brilho no olhar, o tom aveludado da voz mostrou-me a importância da oralidade para ele. Era um orgulho sem tamanho. Uma constatação que muito lhe fazia feliz.
Enquanto educadora, a curiosidade nesta área sempre me acompanha e pergunto-me constantemente: Como a criança constrói seu vocabulário? Mas, ouvir isso de um pai sou levada a perceber que esta deve ser uma das preocupações a serem tornadas em objetivo pela pré-escola. Conhecer e saber como contribuir para a ampliação do vocabulário infantil não deve ser delegado a segunda ordem, tão pouco realizado de forma infundada.
           Mas o que é a oralidade, e como fazer um trabalho que contribua neste âmbito para a formação comunicativa da criança pequena? Oralidade é a transmissão do que está armazenado na mente humana? Sim, isso não é contestado, mas como será que a escola trata esta?
           Luiz Antônio Marcuschi relata: passamos mais de 90% falando, e mesmo numa sociedade como a nossa em que a escrita entrou de forma tão violenta, mesmo assim nós continuamos falando baixando e damos uma enorme a escrita. No entanto, para o autor nenhuma delas é melhor que a outra, as duas são fundamentais por que são maneiras das pessoas organizarem seus discursos e praticarem suas interações no dia-a-dia, por que são práticas discursivas que não conpetem. Cada um tem o seu lugar, e são utilizadas harmonicamente no cotidiano (2011). Por isso

Desenvolver a oralidade é uma das habilidades que se espera nos primeiros anos de escolaridade. Nas turmas de pré-escola, é possível fazer isso de diversas formas. Brincadeiras cantadas, como músicas e cantigas de roda, ou faladas, como trava-línguas e parlendas, sempre são bem recebidas nessa idade. De forma lúdica, elas ampliam as possibilidades de comunicação e expressão e promovem o interesse pelos vários gêneros orais e escritos. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil prevê que os conteúdos ligados a essa área devem ser divididos em três blocos nas classes de 4 e 5 anos de idade: falar e escutar, práticas de leitura e práticas de escrita. Assim, num bom trabalho com esse tema a oralidade, a leitura e a escrita são apresentadas às crianças de forma integrada e complementar. O objetivo é potencializar os diferentes aspectos que cada uma dessas linguagens exige das crianças. (TREVIZAN, 2007. Grifo nosso)
          A oralidade deve ser vista com a mesma importância da escrita. Brincar com as palavras permite que a criança aumente seu repertório, teste as possibilidades e aprenda a empregar o que aprendeu em e para diferentes contextos. Na infância é muito importante o falar com sobre as coisas do cotidiano com os pequeninos.
          Para Baktin a língua materna é adquirida a partir do contato com a figura materna e dos que estão presentes na vida do indivíduo apropriação, repetição e reformulação
[...] a língua materna – a composição de seu léxico e sua estrutura gramatical - não a aprendemos nos dicionários e nas gramáticas, nós a adquirimos mediante enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos durante a comunicação verbal viva que se efetua com os indivíduos que nos rodeiam. (2000, p. 301 apud DAROS, 2006, p. 2)
          Nas creches e pré-escola as atividades de oralidade precisam fazer parte do cotidiano dos pequenos, não é preciso que haja um vocabulário específico para serem ensinad, mas é preciso que a criança participe cotidianamente de atividades de comunicação. O uso de palavras e termos podem ser inseridos nas mais diversas atividades e intervenções, sem a necessidade de criar artifícios mágicos para ensiná-los.
          Contextualizar o que é dito é uma maneira de atribuir significado e facilitar a aprendizagem de novos vocábulo. Infantilizar a fala não permitirá a construção de novos significados, nem tão pouco contribuíra para o crescimento do léxico do infante. As crianças na primeira infância já conhecem a lingua materna e isto deve ser respeitado e explorado pela escola.
O vocabulário infantil é ampliado pelo estímulo à leitura de textos literários e similares, pois essa leitura, e não a massificação repetitiva, é o meio mais eficaz para enriquecer o linguajar da criança e se constitui na chave-mestra do processo de ensino e de aprendizagem. Desse modo, o processo de alfabetização não se deve organizar em torno do treino de aptidões: coordenação motora, discriminação perceptual e linguagem oral. (TELES)
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Fala e Escrita - Parte 01
Para nós, educadores, entendermos a importância da oralidade.


Neste vídeo, tratamos das relações entre a fala e a escrita, a oralidade e o letramento, tal como definidos ao longo dos trabalhos.Em geral, os manuais didáticos não costumam dar muito espaço a essas questões e não as tratam com a devida atenção. Pior: quando as tratam, fazem-no de forma equivocada. A distinção entre fala e escrita vem sendo feita na maioria das vezes de maneira ingênua enuma contraposição simplista. As posições continuam preconceituosas para com a oralidade. Por isso, julgamos importante explicitar tanto a perspectiva teórica das abordagens como as noções centrais de oralidade e letramento; fala e escrita, língua; gênero, texto, multimodalidade, interação, diálogo e muitas outras.
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Curiosidade:
Gesticular "ajuda crianças" a aprender palavras, diz estudo.
Um estudo realizado por pesquisadores da University of Chicago, nos Estados Unidos, indica que crianças com 14 meses de idade que gesticulam com mais frequência apresentam vocabulários mais amplos quando chegam à idade escolar.
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Para saber mais leia a reportagem de James Morgan: Vocabulário Infantil. Disponível em: http://www.fapex.org.br/noticias/Noticia.aspx?id=476.
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Para saber mais, leia:
PAURA, Andréa Carla. Estudo de vocábulos para proposta de instrumento de avaliação do vocabulário de crianças não oralizadas. Disponível em: <http://www.marilia.unesp.br/Home/Pos-Graduacao/Educacao/Dissertacoes/paura_ac_do_mar.pdf>.

Fala e Escrita: parte 01. Disponível em:  http://www.youtube.com/watch?v=XOzoVHyiDew&feature=related.

DAROS, Sônia Cristina Pavanelli. Oralidade: uma perspectiva de ensino. Piracicaba: 2006. Disponível em: http://www.unimep.br/phpg/bibdig/pdfs/2006/BLFFDUWEMUEQ.pdf.

TELES, Fabricia Pereira. A linguagem na vida da criança. Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-linguagem-na-vida-crianca.htm.

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