sábado, 4 de junho de 2011

O Alfabeto na Educação Infantil

Para o prof. Carlos Rodrigues, pela admiração,
carinho e honra de tê-lo conhecido e sido
sua amiga de trabalho.
Pela sua imensurável competência!
Pendurado na parede desde o primeiro dia de aula, ele ocupa uma posição central na classe - de preferência, acima do quadro, no campo de visão de todos os alunos. Material de apoio precioso para um ambiente alfabetizador na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental, é a ele que os pequenos recorrem quando querem encontrar uma letra e saber como grafá-la. [...]. (RATIER, 2009) 


           O ensino do alfabeto é um assunto recorrente nas conversas dos professores que atuam na educação infantil. Mesmo nos cursos superiores, os educadores questionam qual a prática ideal para o ensino das letras. Se hoje sabemos que ler e escrever depende de um ambiente alfabetizar com práticas o mais próxima dos usos sociais, e não da aprendizagem mecânica dos aspectos técnicos da leitura e escrita, o ensino das formas gráficas das letras ou da ordem alfabética por si só não se constitui como condição para o desenvolvimento da linguagem oral e escrita.
           A necessidade de ensiná-lo, assim como sua exposição nas salas de aula não é algo questionado, o que se discute é a forma como este tem sido exposto ou trabalhado com crianças pequenas; quais os meios e atividades utilizados para apresentá-lo. Informar os alunos a respeito dos nomes das letras, sua quantidade e a forma de grafá-la deve ser uma atividade prazerosa.
           A unidade letra deve ser trabalhada ao mesmo tempo que a unidade palavra, parágrafos e texto. Ao fazer um trabalho conjunto, com livros e outros materiais escritos de diversos gêneros, o professor consegue criar condições de ambiente alfabetizar e a função da pré-escola, quanto a linguagem, se concretiza. Cláudia Molinaria ao ser entrevistada pela Nova Escola relata alguns questionamentos comuns entre professores, dentre eles:
Como meus alunos podem aprender a escrever se primeiro não lhes ensino as letras? Como ensino a escrever sem exercitar antes os sons e a pronúncia? [...]


[...] “Uma estratégia é expor as crianças a materiais escritos em diferentes gêneros e estimular, por meio de atividades de registro, que reflitam sobre sua própria escrita e troquem informações com seus colegas. Esse procedimento, quando feito com a ajuda de intervenções conscientes dos professores e acompanhado de um ambiente propício, com disponibilidade e uso de materiais escritos e gráficos, permite que a criança tenha uma alfabetização autônoma e liberta da necessidade de aprender os sons e as letras de maneira formal anteriormente” [...] (MOLINARI, 2008)
          Atividades significativas precisam ser criadas e para isso é importante que a criança participe da construção delas. Ensinar a criança a grafar letras não lhe dá condições de escrita. Apesar do traço ser um aspecto a ser trabalho é preciso que ele surja em consonância com atividades de linguagem e desenvolvimento motor amplo. O código e a mecânia precisam ser ensinados na escola, porém o trabalho deve ser feito em um contexto. Os exercícios não devem ser mecânicos e repetitivos. O aluno precisa entender que as letras constituem a base da escrita em nossa cultura e que cada uma delas tem som e significado.
          A forma gráfica das letras e a ordem alfabética podem ser ensinadas com jogos, brincadeiras cantadas e faladas. Atividades motoras que contemplem o aspecto global, amplo e depois o fino precisam fazer parte da rotina das crianças pequenas.
          Diz-se isso por que segundo Telma Weisz ao ser questionada se "Ainda há professores que não transmitem informações às crianças por pensar que elas aprendem sozinhas? Qual é a origem dessa dificuldade?, diz ser importante que o professor transmita informações a criança, a respeito dos aspectos técnicos da escrita e rememora que
Na verdade, isso tem a ver com a própria concepção de ensino. Antigamente, todos tinham a ideia de que ensinar era transmitir informações. Nos últimos 30 anos, quando começamos a descobrir que ensinar é criar condições e situações para a aprendizagem e quando os professores ouviram falar, sem aprofundamento, que as crianças constróem seu conhecimento, muitos acharam que bastava o contato com as letras e o material escrito para que o conhecimento aparecesse naturalmente, por geração espontânea. (2009, p. 1)
          O professor, ainda segundo a autora, precisa validar o conhecimento da criança, já que os saberes que estão construídos são provisórios e é ele quem sabe mais e poderá  elaborados por meio de um processo permanente de aproximação com o conhecimento objetivo. Só reconhecer a letra não contribui para a aprendizagem da linguagem. "O primeiro passo para ensinar o alfabeto é fazer com que seu filho se interesse em ouvir histórias. Por volta dos 2 ou 3 anos, crianças para quem os pais lêem com frequência começam a perceber que os livros contêm letras." (BabyCenter Brasil, 2011)
Há muitos anos, em um trabalho de pesquisa, observei uma menina que estava repetindo a 1ª série havia cinco anos. A professora, naquele dia, apresentava à classe o alfabeto (para aquela aluna, pela primeira vez). A garota teve uma crise descontrolada de choro e, quando se acalmou, disse eu sempre saio da escola no meio do ano porque não consigo aprender as letras. Mas eu não sabia que eram tão poucas. Se eu soubesse, não teria ficado tanto tempo aqui até aprender. É uma informação simples, mas se não é dita, como ela vai saber? (WEIZ, 2009)
            "O erro estava em querer iniciar a aprendizagem pelos processos de repetição e deciframento de letras, sem inseri-los em um contexto em que ler e escrever tivessem significado para os alunos." (EDUCACIONAL, 2011)
          Ao ser falar sobre os instrumentos de alfabetização Ana Maria Kaufman classifica o alfabeto como tal e diz:
Propomos que nas salas de Educação Infantil haja dois materiais básicos: o abecedário, mas sem imagens, para que a criança possa visualizar quantas letras há em nosso alfabeto, em que ordem elas aparecem e que essas são todas as letras que existem e sempre estarão nessa ordem quando busco informação numa enciclopédia, agenda ou lista telefônica. No abecedário ilustrado, essa capacidade se perde porque as figuras no meio das letras atrapalham a percepção dos alunos. Além disso, é importante ainda a existência de bancos de dados, com figuras e seus nomes - um cachorro com "cachorro" escrito embaixo -, que esteja à disposição das crianças o tempo todo, para quando ela sinta a necessidade de buscar essa informação. (2009, p. 1. Grifo Nosso.)
            Assim, é preciso que haja a contextualização do alfabeto, por meio de atividades que demonstrem os usos nas práticas sociais de leitura e escrita. É viável o uso de brincadeiras cantadas e faladas para dar significado a tal aprendizado.

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O ABC do B e do C
"Era uma vez uma letra B
   de belíssimo aspecto.
Bonita assim não se vê
vendo todo o Alfabeto." (ZIRALDO, 1991)
 
"Com essa boca tão grande maior que a do Lobo Mau o C, se ele pudesse, comia mesmo de Roma um pé de couve em Macau." (ZIRALDO, 1991)

           Abaixo sugerimos a criação do Joguinho do Alfabeto. Esta é uma forma interessante de apresentar as letras as crianças e estimular a participação delas já que elas podem trazer objetos pessoais para colocar nos bolsos do "alfabetário" de acordo com a letra inicial dos nomes deles.

Antigamente se imaginava que para ler era preciso primeiro aprender o sistema de escrita e, então, começar a interpretar textos. Hoje sabemos que a capacidade de leitura não depende do conhecimento do valor sonoro de cada letra ou de saber juntar uma letra a outra. É preciso conhecer as características da linguagem escrita, que mudam conforme o gênero do texto. Não basta saber ler "Vovô viu a uva" para entender um jornal. É preciso conhecer esse tipo particular de linguagem. (Telma Weiz)
Fonte: http://www.bebele.com.br/animacao/
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APRENDENDO O ALFABETO

Jogo educativo online com as letras do alfabeto.

Clique na pipa que tem uma figura com o nome começado pela mesma letra que aparece na placa.
Respondendo corretamente o desafio, você pode soltar pipa no céu da cidade e pegar as letras do alfabeto.
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Dicas para Educadores
          Boa alternativa para complementar o aprendizado das letras do alfabeto, pois para jogar, a criança tem que relacionar as letras à primeira letra dos nomes de alguns objetos. Além disso, a segunda fase favorece a visualização e, consequentemente, a memorização de cada letra. (http://www.escolagames.com.br/jogos/aprendendoAlfabeto/).

JOGO DAS LETRAS: alfabeto em português II:  figuras e as respectivas letras iniciais dos seus nomes. Disponível em: http://www.smartkids.com.br/jogos-educativos/alfabeto-jogo-do-alfabeto-em-portugues-II.html.

Curiosidades:


Literatura Infanto-juvenil:
BREDA, Lurdes. O Alfabeto Trapalhão. Gatafunho.

Referências:
RATIER, Rodrigo. O alfabeto não pode faltar. Nova Escola. Abril: mar. 2009. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/ele-nao-pode-faltar-427752.shtml?page=0>.

WEISZ, Telma. Entrevista com Telma Weisz sobre alfabetização inicial. Nova Escola. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/aposte-alto-capacidade-alunos-429248.shtml.

BABYCENTER BRASIL. Qual é o melhor jeito de ensinar o alfabeto?. Disponível em: http://brasil.babycenter.com/toddler/linguagem/ensinar-alfabeto/.

EDUCACIONAL. Alfabetização. http://www.educacional.com.br/glossariopedagogico/verbete.asp?idPubWiki=9555.

KAUFMAN, Ana Maria. Entrevista com Ana Maria Kaufman sobre alfabetização. mar. 2009. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/aluno-precisa-refletir-431189.shtml.

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